Não causou nenhuma surpresa a notícia de que a Rádio Capital está
demitindo toda sua equipe esportiva para terceirizar o espaço de programas
e transmissões esportivas para a ESPN que até Dezembro manteve uma parceria com o
Grupo Estadão. Essas conversações vinham acontecendo desde o começo do ano e
acabaram sendo definidas na sexta-feira. Lamento pelos profissionais que
vão ficar no meio do caminho porque a ESPN pelas informações que se tem não
pretende aproveitá-los. A Rádio Capital que de acordo com as pesquisas vem obtendo
há muito tempo ótimos índices de audiência nunca conseguir comercializar o
esporte adequadamente. Seu departamento comercial foi alterado em algumas
oportunidades e os objetivos pretendidos nunca foram alcançados. De acordo com as
agências de publicidade apesar da audiência a faixa de ouvintes da emissora não
se enquadra para os grandes anunciantes. Eu comprovei isso. Resta saber como
será agora com a vinda da ESPN e sua equipe. Aliás, duas perguntas se fazem
neste instante: 1) – Será que vão conseguir comercializar o futebol com grandes
anunciantes. 2) – Será mantida a audiência atual do esporte na Rádio Capital?
Tenho notado nos últimos tempos que nos sites, redações
de jornais têm acontecido rodinhas de jornalistas para opinarem sobre o
futebol. Isso mostra a importância que esse esporte continua tendo em nosso
país. Acontece que vejo muitas opiniões de jovens jornalistas que jamais foram
a um estádio de futebol; jamais estiveram em treinamentos, jamais sentiram o
cheiro de Gelol, Sinhorzinho, Zig e outros óleos utilizados para a massagem dos
jogadores. Confessam abertamente que assistem aos jogos pela televisão. Perdão,
mas, esse tipo de opinião não pode ter muita credibilidade. O jornalista para
opinar, para escrever, para falar precisa sentir ao vivo as emoções de um jogo
de futebol. É por essas e outras que o jornalismo perdeu grande parte de sua
credibilidade.
Está provado por “a” + “b” que os ouvintes de rádio de
São Paulo querem ouvir as rádios paulistas com locutores paulistas nas
transmissões esportivas e também nos programas. A formação de redes que surgiu
a partir do Jornal da Manhã da Jovem Pan nos anos 70 e depois copiado pela
maioria serve para os chamados “jornais falados”. Mas não serve para o futebol.
Paulista quer ouvir voz paulista, carioca quer ouvir voz carioca, mineiro que
ouvir voz mineira, gaúcho quer ouvir voz gaúcha. É claro que determinadas
regiões do país adoram as transmissões das rádios do Rio, outras das rádios de
São Paulo. Na Copa das Confederações o Sistema Globo de Rádio, leia-se Rádio Globo
sentiu a necessidade de separar o joio do trigo. Em outras competições com a
Copa do Mundo de 2010 os paulistas tiveram que ouvir narradores do Rio nos
jogos da Seleção Brasileira. Isso não agradou aos ouvintes. Em tempo o SGR
mudou sua filosofia na Rádio Globo, não na CBN que manteve o projeto anterior.
A FIFA e a televisão não admitem mas querem o rádio cada vez mais longe das coberturas
esportivas e jornalísticas. Além de copiar o que
o rádio sempre fez em suas transmissões esportivas, quer porque quer impor cada
vez mais restrições a cobertura do rádio. Uma prova está nos horários dos jogos
no Campeonato Brasileiro. Além de copiar descaradamente o
que o rádio sempre fez agora tratou de pulverizar os preços dos direitos para a
Copa das Confederações e Copa do Mundo. Emissoras do Rio e São Paulo tiveram
que desembolsar 800 mil reais pelas duas competições. Esse não é o preço final
da cobertura, tem ainda o aluguel do estúdio no IBC, aluguel de móveis para o
estúdio, pagamento de taxa para transmitir os jogos do estádio além do custo
com hotéis, passagens aéreas e alimentação dos profissionais. E
pra completar, estão proibidas veiculações de publicidade durante a transmissão
dos jogos. Com certeza não está fácil para negociar as publicidades e só inseri-las
antes, no intervalo e no final dos jogos. Até a televisão teve que se sujeitar
a isso.
Essas cobranças começaram a partir da Copa do Mundo de
1982 na Espanha. Lembro que na Alemanha em 1974 transmiti 18 jogos ao vivo dos
estádios na Jovem Pan e a emissora não teve que pagar nenhuma taxa por isso. E
olha que a Copa do Mundo de 1974 na Alemanha foi a mais bem organizada em minha
opinião nas quais estive. A presença do enorme número de emissoras na Copa do
Mundo aumentou o “olho” da FIFA. O que na verdade mais interessa a entidade e
aos que compram e revendem os direitos para a cobertura desses eventos é só a
parte financeira. Claro que o dinheiro é necessário para pagar as despesas, mas
também não precisam exagerar na quantidade. O pior é que fica por isso mesmo e
ninguém tem interesse em buscar soluções. O jeito é ganhar mais e mais, o mais
rápido possível.
Muito se tem reclamando dos horários dos jogos marcados para 19 e 19h30
quando as emissoras de rádio só transmitem pela internet. O que não dá pra
aceitar é que a VOZ do BRASIL seja veiculada só pelo rádio e não seja mais flexível
sua retransmissão. Uma pergunta que espero alguém do Ministério das Comunicações
possa responder: Porque só o rádio precisa veicular a VOZ do BRASIL? Porque a
televisão está isenta? Não seria justa a veiculação tanto no rádio como na
televisão.
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