domingo, 26 de dezembro de 2010

A DECADÊNCIA DO JORNALISMO ESPORTIVO

Chegamos ao final de mais um ano em que as retrospectivas tomam conta dos sites, jornais, rádios e tevês. É também o momento de reflexão para a nossa profissão de radialista e jornalista esportivo. Pensei muito sobre o assunto. Minha ótica sobre essa situação não é de hoje. Na verdade foi acumulando nos últimos tempos. Talvez, eu disse talvez, a globalização tenha contribuído para isso. É tudo muito rápido; o que se conseguia alcançar em décadas, hoje se deseja resolver rapidamente não importando de que forma. Minha paixão pelo rádio vem desde a infância e nele ingressei pelo dom que DEUS me deu. De lá para cá tudo mudou e como mudou especialmente em nosso jornalismo esportivo. Desde o início constatei que no jornalismo esportivo havia o jornalista torcedor de clube, aliás, consta que sempre existiu. Hoje a situação ultrapassou o bom senso e a seriedade que o jornalismo exige. O bairrismo por parte de locutores, comentaristas e repórteres vem desde o início do rádio e da televisão. Mas, o jornalista-torcedor de clube aumentou além da conta nos últimos anos de forma a provocar indignação de ouvintes, telespectadores e leitores. Hoje fica difícil saber se o que falam ou escrevem determinados jornalistas é verdadeiro ou há por trás disso outros interesses. A ética no jornalismo esportivo foi esquecida e passou a ter objetivos bem definidos, como fazer média com o clube, torcida, patrocinadores e a promoção pessoal. Esse comportamento leva ao descrédito à nossa já tão esvaziada profissão. Confesso a vocês que sempre fui fanático por programas esportivos no rádio e na televisão, mas, hoje fico restrito há uns poucos. Quem dirige esses jornalistas não deve ser do ramo ou acha tudo normal por não saber ou por jamais ter convivido com a ética no jornalismo. Que saudades de Fernando Vieira de Mello. Ele batia na mesa e exigia seriedade em tudo. Numa reunião de pauta o então Diretor de Jornalismo da Jovem Pan de tão enérgico que era fez uma repórter - que até hoje está na emissora - cair da cadeira. Hoje vale tudo, desde que dê audiência, desde que agrade ao patrão, ao clube, a torcida e ao anunciante. Essa situação só se modificará no dia em que os diretores das emissoras de rádio e tevê, internet e jornais se conscientizarem que em primeiro lugar está a informação séria e verdadeira ou quando os anunciantes mudarem para outras mídias. Até lá teremos que conviver com os “donos da verdade” na crônica esportiva brasileira. Verdade deles, não minha, com certeza não sua e muito menos de 99% da população brasileira. Estamos vivendo um ciclo em que não há mais respeito pelo ouvinte, pelo telespectador, pelo leitor. Credibilidade não se compra, não se impõe, credibilidade se conquista”. É isso aí.