sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

QUANDO O FUTEBOL ERA SÓ FUTEBOL



Sou do tempo em que o futebol brasileiro era só futebol. Grandes jogadores, estádios lotados, os atletas eram patrimônio dos clubes, clubes com mais de 100 mil sócios, sem publicidade nas camisas, sem televisão ao vivo. Já não temos grandes craques e os melhores deixaram de ser patrimônio exclusivo dos clubes. Hoje não existem mais clubes com 100 mil associados. As publicidades nas camisas tiraram a sua originalidade e os fabricantes produzem algumas de mau gosto em cores e design. Na época em que não havia televisão ao vivo os estádios recebiam 100 mil torcedores nos grandes jogos. Hoje 40 mil é considerado um grande público. E o Brasil não tinha mais que 100 milhões de habitantes, hoje passamos dos 200 milhões. Antes os clubes eram administrados com os recursos dos associados e das rendas dos jogos. Construíram seus estádios, tinham associados e os jogadores como seu patrimônio. Hoje seus estádios estão com capacidade reduzida, poucos associados e os jogadores deixaram de fazer parte do patrimônio exclusivo. Estão nas mãos de empresários e especuladores. Os clubes por gastarem o que não arrecadam para se manter na elite viraram reféns da televisão. Antes os grandes jogadores eram revelados em sua maioria pelos clubes do interior e despontavam nos Campeonatos Estaduais. Os Estaduais de hoje estão esvaziados e também nas mãos da televisão. Em verdade os jogadores de então não recebiam grandes salários, mas jogavam o futebol que levou o Brasil aos títulos mundiais de 58, 62 e 70. Em 1994 e 2002 nossa seleção era formada por atletas supervalorizados no exterior. De lá pra cá os clubes foram acumulando prejuízos e sem o dinheiro da televisão muitos já tinham fechado as portas. Lamentavelmente o esporte mais popular do Brasil é hoje mais marketing do que futebol. É isso aí.