quinta-feira, 20 de setembro de 2012

PERDENDO A CREDIBILIDADE

Nas décadas de 50 e 60 se dizia que radialistas e jogadores eram profissões sem credibilidade junto à sociedade. Com o passar dos anos as duas profissões foram ganhando credibilidade e o que se falava antes caiu no esquecimento. Hoje radialistas e os jornalistas que trabalham como locutores, comentaristas e repórteres esportivos estão perdendo a credibilidade conquistada a partir do surgimento de grandes empresas e grandes profissionais. Porque estão perdendo a credibilidade? Porque se sujeitam a salários que não permitem um só emprego (com exceções) para viver dignamente. Li uma matéria do colega Anderson Cheni que me levou a esse comentário. Atualmente grandes profissionais da latinha trabalham em duas, três e por vezes quatro empresas diferentes para ganhar o suficiente para sobreviver. Isso está gerando não só a perda da credibilidade do meio como e acima de tudo o respeito ao profissional. Isso precisa ser corrigido. Os salários pagos hoje colocam em cheque a profissão e obriga os profissionais a se “virar mais que charuto em boca de bêbado”. Ter que trabalhar em mais de duas, três ou quatro empresas torna o profissional da “latinha” em joguete nas mãos das empresas. Hoje se ouve um mesmo profissional no ar na WEB pela manhã, na rádio à tarde e na televisão fechada à noite. Muitos transmitem dois jogos seguidos no mesmo prefixo, um seguido do outro. Outro dia ví um locutor transmitir um jogo na televisão às 16 horas e às 18h30 sempre em off-tube lá estava ele narrando um jogo pela rádio. Outros transmitem numa rádio pela manhã e logo a seguir estão em outro evento num canal de televisão ou até em outra rádio. De manhã estão na Itália e uma hora após já transmitem diretamente do Pacaembu ou do Engenhão. A culpa não é específica dos proprietários das emissoras ou seus diretores; é também de quem se sujeita a tal situação. Com isso a "credibilidade" está indo para o espaço ou será que isso não importa mais, não tem mais valor? É isso ai.

SUPERCLÁSSICO SÓ NO NOME


É claro que Brasil e Argentina é o maior confronto de seleções da América do Sul, porém o jogo de ontem não foi nada disso. O Brasil tocando a bola lateralmente, chegando com dificuldade à área portenha pela quantidade de jogadores  defendendo. Foi praticamente assim o jogo inteiro. Atacamos, atacamos e no primeiro contragolpe sofremos o gol. Nosso goleiro viu a bola passar ao seu lado se se mover. Empatamos ainda no primeiro. Na fase final repetiu-se o maior volume de jogo do Brasil. Alugamos o meio de campo obrigando a Argentina a chutar para qualquer lado. De daí? É aí que ficou comprovada a falta de qualidade do futebol brasileiro. Tocar a bola de pé em pé é muito bonito. E a objetividade? E os chutes a gol? As melhores jogadas surgiram no mais elementar lance do futebol: a jogada pelas laterais com a chegada a linha de fundo e o cruzamento. Os jogadores brasileiros precisam colocar na cabeça definitivamente que cruzar a bola do meio campo pelo alto para a área adversária serve só para consagrar os zagueiros. Ganhamos com um gol no final de quem ainda não mostrou na seleção o que joga pelo Santos contra os times brasileiros. Quando joga contra equipes estrangeiras pelo seu time ou pela seleção, Neymar vira um jogador comum. O jogo provou mais uma vez que Mano Menezes tem se esforçado fazendo o "omelete com os ovos que tem". É isso aí.

CENTENÁRIO FARROUPILHA

Diz o ditado popular: "Quem tem amigo não morre pagão". Outro dia ele deixou de ser um amigo virtual para ser tornar num amigo de verdade e lá já se vão 3 anos e 5 meses. Falo do Engenheiro e Poeta das Águas Doces José Alberto de Souza. Com grande número de  livros publicados e escrevendo sobre todos os assuntos, tomei a liberdade de convidá-lo para ilustrar meu modesto blog. E eis que no dia de hoje, 20 de Setembro de 2012 - Dia do Gaúcho - com muita alegria e orgulho estou postando uma matéria que diz respeito a comemoração do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935. É a história que está sendo resgatada.

Escreveu: José Alberto de Souza

Comemorando o Centenário da Revolução Farroupilha em 1935, a Federação Rio Grandense de Desportos (atual F.R.G.F.) resolveu denominar o certame gaúcho de futebol daquele ano como Campeonato Farroupilha.  Esta competição abrangeu 6 zonais, compreendendo 15 regiões, nas quais foram inscritas 34 agremiações representando 29 Ligas municipais. Teve início em 30 de junho, findando a 27 de outubro da referida temporada.

Zonal Centro
1ª. Região – representada pelo Campeão Metropolitano de Porto Alegre (Grêmio F.B.P.A.)
2ª. Região – participaram S.C. Juventude e G.S. Flamengo (Caxias do Sul) e F.B.C. Montenegro, saindo campeã a primeira das referidas agremiações.
3ª. Região – participaram S.C. Nacional e G.S. Leopoldense (São Leopoldo), S.C. Taquarense e G. Ferroviário (Taquara) e S.C. Brasil (Canoas), saindo campeão o primeiro dos referidos.
No confronto entre os vencedores da 2ª. e 3ª. Regiões, saiu vitorioso o S.C. Juventude (6x0), habilitando-se a enfrentar o Grêmio F.B.P.A. na final, sagrando-se este (6x2) Campeão desta Zonal.
 
Zonal Noroeste
4ª. Região – representada pelo Campeão Citadino de Novo Hamburgo (S.C. Novo Hamburgo)
5ª. Região – participaram F.B.C. Santa Cruz (Santa Cruz do Sul), Couto F.B.C. e América F.B.C. (Rio Pardo), sendo vencedora regional a primeira destas agremiações.
6ª. Região – participaram S.C. Brasil e S.C. Guarani (Minas de São Jerônimo) e C.S. Lajeadense (Lajeado), em que saiu o primeiro dos referidos como vencedor da região.
Os primeiro colocados da 5ª. e 6ª Regiões disputaram entre si e o S.C. Brasil (3x1) teve a primazia para decidir com o S.C. Novo Hamburgo, pelo qual foi vencido (8x2) na final da Zonal.
 
Zonal Serra
7ª. Região – Disputaram Riograndense F.B.C. (Santa Maria) e Tamandaré A.C. (Cachoeira do Sul), saindo vencedor o primeiro.
8ª. Região – G. Riograndense F.B.C. (Cruz Alta), Riograndense F.B.C. (Passo Fundo), G.A. Glória (Carazinho) e 19 de Outubro (Ijuí), o primeiro dos quais vencedor dessa região.
Na final zonal entre os vencedores dessas regiões, sagrou-se Campeão da Serra o Riograndense F.B.C., de Santa Maria, que derrotou (6x2) o seu homônimo de Cruz Alta.

Zonal Sul
  9ª. Região – Disputaram G.S. Duque de Caxias (Dom Pedrito) e G.S. Militar (São Gabriel), o primeiro somando mais pontos.
10ª Região – Também com dois participantes, Guarani F.B.C. (Bagé) e G.S. General Osório (Jaguarão), confronto decidido a favor do primeiro.
O Guarani F.B.C. obteve a conquista do certame desta Zona (6x1) no embate entre vitoriosos regionais.
 
Zonal Litoral
11ª. Região – Com dois participantes, G.A. 9º Regimento de Infantaria (Pelotas) e S.C. São Paulo (Rio Grande), vencida pelo primeiro.
12ª. Região – representada pelo Campeão Citadino de Santa Vitória do Palmar (S.C. Rio Branco).
Na final zonal entre os representantes dessas regiões, vencendo seu oponente por 6 a 4, o G.A. 9ª Regimento de Infantaria trouxe para si a decisão dessa fase.

Zonal Fronteira
13ª. Região – decidida entre dois homônimos S.C. 14 de Julho (de Itaqui e São Borja) a favor do primeiro.
14ª. Região – representada pelo Campeão Citadino de Uruguaiana (Operário F.B.C.)
15ª Região – vencida pelo G.F.B. Santanense (Santana do Livramento) que derrotou (3x0) a equipe do Militar (Quarai).
Operário F.B.C. (14ª. Região) passou (4x0) por S.C. 14 de Julho (13ª. Região), porém, foi batido, pelo mesmo escore, diante do G.F.B. Santanense.
Em classificatórias à Fase Final, aconteceram os seguintes cotejos de campeões zonais: Fronteira/Serra – G.F.B. Santanense 3 x Riograndense F.B.C. 1; Nordeste/Litoral – S.C. Novo Hamburgo 8 x Guarani F.B.C. 3
Classificados os representantes da Fronteira e do Nordeste, ocorreram as semi-finais: Grêmio F.B.P.A. 6 x G.F.B. Santanense 0 e G.A. 9º Reg.de Infantaria 3 x S.C. Novo Hamburgo 2.

Prepararam-se assim os palcos para as grandes finais de Pelotas e Porto Alegre, vencidas respectivamente por Grêmio F.B.P.A. (1x3) e G.A. 9º R.I. (0x3), o que levou a mais um jogo para desempatar. E às 16 horas do dia 27 de Outubro de 1935, as duas equipes voltaram a se defrontar na Chácara dos Eucaliptos, diante de um público de aproximadamente 15.000 pessoas, com a arbitragem do Sr. Manoel Silva, desta vez o placar acusando o triunfo da equipe de Pelotas por 2 tentos a 1, gols assinalados por Russinho (Grêmio) aos 35’ do primeiro tempo e na virada da segunda etapa por Cardeal a 1’ e Cerrito aos 18’, alinhando as equipes da seguinte forma: Grêmio Foot Ball Porto Alegrense: Chico, Dario e Gonzaga; Jorge, Mascarenhas e Sardinha II; Lacy (Artigas), Russinho, Veronese (Torelly), Foguinho e Divino. Grêmio Atlético 9º Regimento de Infantaria: Brandão, Jorge e Chico Fuleiro; Ruy (Folhinha), Itararé e Celistro; Birilão, Bichinho (Coruja), Cerrito, Cardeal e Gasolina. Técnico: Francisco Duarte Júnior (Tetê).
 
Assim o G.A. 9º Regimento de Infantaria, fundado em 26 de abril de 1926. veio a ser considerado “Campeão por 100 anos” e, em razão de decreto assinado pelo então presidente da República, Getúlio Vargas, em 1941, que proibia as unidades militares emprestar o seu nome a associações civis, surge o Grêmio Atlético Farroupilha, denominação adotada em referência ao principal título de sua história.

Todos os dados aqui apresentados nos foram fornecidos, com espantosa riqueza de detalhes, pelo Sr. Douglas Marcelo Rambor, notável pesquisador do futebol sul-riograndense.