Laticínios, embutidos, bebidas entre outros produtos tem
estampado em seus invólucros a data de fabricação e da validade. Pois agora chegou
a vez do rádio, especialmente o esportivo. Está entrando na fase do Prazo de
Validade. Pelo Brasil afora se lê, se ouve e se publica sobre terceirizações e
demissões no rádio. Sobre venda ou espaço para terceiros entre os quais
igrejas. Também tenho ouvido dos mais novos na área esportiva que os “tempos
são outros”. Sim realmente são outros e cada vez pior. No caso do rádio
esportivo as invenções ultrapassaram o limite e perderam o prazo de validade.
Quando a Jovem Pan colocou no ar o Show de Rádio, sucesso absoluto nos anos 70,
o rádio esportivo seguia sua filosofia implantada desde o nascedouro com narrações
sérias, sem invenções. O humor era colocado no ar quando a bola estava parada
no intervalo ou final do jogo. Com o desaparecimento desse programa produzido
por Estevam Victor Leão Bourroul Sangirardi na Jovem Pan e depois Bandeirante
apareceram novos “gênios” criando “monstros” que o tempo está engolindo. O
rádio esportivo, com exceções, virou um besteirol sem precedentes. Pedro Luiz,
Fiori Giglioti, Waldir Amaral, Jorge Curi, Pedro Carneiro Pereira se vivos
estivessem estariam indignados com o que se ouve hoje. Poucas das grandes
emissoras que conheço e ouço mantém o “padrão de qualidade” do rádio esportivo
que é transmitir, comentar, entrevistar e informar. Humor, pornografia e papos
furados não cabem durante as transmissões esportivas. A preocupação de informar
quem está ouvindo através da internet ou divulgar sempre os mesmos nomes de
ouvintes, comerciais colados a comerciais e em excesso também não cabe. O
ouvinte quer ouvir a narração do jogo, a opinião, a informação do repórter e do
plantão esportivo. Publicidade precisa
ser interpretada e não lida na velocidade de uma transmissão e muito menos
duas, três ou até quatro seguidas. As rádios precisam valorizar os produtos que
oferecem. Ai os “gênios” devem estar
dizendo: “É, mas está difícil vender publicidade”. Está porque o serviço
apresentado tem pouca qualidade. Pela falta de visão e conhecimento dos que
dirigem as rádios, ela está cada vez mais perto da UTI. Quase ninguém transmite mais dos estádios.
Quando muito enviam um repórter ou só o operador técnico para captar o som ambiente
do estádio. E o que mais se ouve é que as verbas publicitárias diminuíram.
Queriam o que fazendo o que estão fazendo? O rádio esportivo brasileiro precisa
voltar as suas origens. Como assim? Parem com as piadas, pornografias e
bate-papos enquanto a bola está rolando. O rádio esportivo precisa abrir espaço
para narrações sérias e objetivas com a preocupação de narrar o que está
acontecendo, de comentários sobre o que ocorre no jogo e sem torcer para esse
ou aquele time. Hoje tem rádio que não narra mais o gol do time visitante. Isso
é uma afronta ao clube, ao rádio e ao futebol. O “prazo de validade” está terminando. Acordem enquanto ainda há tempo. É isso aí.