quinta-feira, 27 de março de 2008

Tarda mas não falha

Passaram-se 12 anos para que finalmente houvesse desfecho a virada de mesa promovida por Fluminense, Bragantino e CBF no Campeonato Brasileiro de 1996. Na terça-feira (25) o juiz Wilson Marcelo Kozlowski, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proferiu a sentença condenando Fluminense, Bragantino e a CBF ao pagamento de reparação moral de 2% da receita que havia sido arrecadada.
Pra quem não lembra, os dois clubes foram rebaixados e deveriam disputar em 97 a Série “B”. Aproveitando o surgimento de gravações de compra de resultados e financiamento de campanha política do diretor da Comissão Nacional de Arbitragem, Ivens Mendes, e para evitar problemas para Corinthians e Atlético Paranaense envolvidos nos acontecimentos a CBF resolveu manter os rebaixados na Série “A”. O juiz qualifica os acontecimentos como um dano real ao patrimônio cultural que é o futebol. “Bem se sabe o sentimento de dor, vexame e humilhação que inundou e inunda o coração daquela parcela da população que passou a experimentar as maiores pilhérias e até hoje é lembrado dos dissabores advindos da decisão contrastada. Tal qual um filme de terror sem fim em que o clímax ocorre com a cena do estouro do champanhe da virada de mesa”, relata.”. Ele citou o fato do Fluminense mantido na divisão principal ter comemorado com champanhe o episódio. Em sua sentença acrescenta “o calvário do tricolor carioca nos anos seguintes à virada de mesa, como os dois rebaixamentos seguidos (em 1997 e 1998 – este, para a terceira divisão) e a nova virada de mesa, proporcionada em 2000 pela Copa João Havelange. Segundo ele, tal farra só foi barrada pela implantação do Estatuto do Torcedor” . Com toda essa demorada acreditem, ainda cabe recurso.

Um comentário:

Carlos Ferreira disse...

A Justiça tarda. E falha.

JOÃO GARCEZ


No conturbado Campeonato Brasileiro de 1999, Botafogo e Internacional-RS ganharam pontos no tapetão, que impediram o descenso da dupla à Segunda Divisão do futebol nacional.Em 1989, a CBF tirou cinco pontos do Coritiba porque na última rodada do Brasileiro o time paranaense não foi a campo na hora determinada pela entidade. O Santos foi beneficiado com a decisão e escapou de ser rebaixado.O regulamento do Campeonato Brasileiro de 1986 previa, para a primeira fase, que os seis primeiros colocados de cada chave avançassem à etapa seguinte. Como Vasco e Botafogo não tiveram competência para se classificar, inúmeras manobras foram tramadas pela CBF e pelo próprio Vasco, como a retirada de pontos do Joinville-SC e a tentativa descabida de eliminação da Portuguesa-SP. Resultado: o regulamento foi alterado com o campeonato em curso e mais oito clubes foram incluídos na segunda fase da competição. Uma “mancha” para o futebol brasileiro.Em 1974, a decisão do Campeonato Brasileiro, conforme determinação do regulamento, deveria ser realizada no estádio do clube que tivesse melhor campanha. Com quatro pontos a mais do que o Vasco, o Cruzeiro teria o direito de jogar em Belo Horizonte. Teria. Porque o Vasco alegou falta de segurança no Mineirão. E o que fez a CBD (atual CBF)? Acatou o pedido do clube carioca, tirando a partida de Minas Gerais, levando-a, acredite, para o Rio de Janeiro.Em 2008, um juiz vem a público dizer que a manutenção de Fluminense e Bragantino no Campeonato Brasileiro de 1997 representou uma “violação ao correto desenvolvimento do futebol brasileiro, uma ofensa direta ao patrimônio cultural brasileiro”.Posto isso, uma pergunta se faz oportuna: como o Meritíssimo definiria as manobras ocorridas em 1999, 1989, 1986 e 1974 (entre inúmeras outras aqui não mencionadas)?
A Justiça tarda. E falha.
Fonte:
http://globoesporte.globo.com/ESP/0,,GEN582-6081,00.html
Colaboração:
Alexandre Magno Barreto Berwanger

Carlos Ferreira
Juiz de Fora-MG
carlosferreirajf@gmail.com
http://www.carlosferreirajf.blogspot.com/