quarta-feira, 22 de maio de 2013

FUTEBOL INESQUECÍVEL


A gente começa a lembrar da juventude e vem à memória o futebol que sempre curti desde que ganhei a primeira bola. Eu ainda não havia iniciado no rádio quando o futebol do meu estado, Santa Catarina, disputava seu Campeonato Estadual com dezenas de clubes espalhados por grupos. E o que de imediato chamou minha atenção além das equipes da minha cidade (Blumenau) que tinha Olímpico e Palmeiras e depois em 64 o Guarani participando foram os grandes times que se formaram ao longo dos anos.
Centenário
Caxias FC bicampeão estadual 1954-1955



 

Recordo da Festa do Centenário de Blumenau (1950) quando com meus pais fui ao centro da cidade para participar dos festejos. E lembro muito bem, vejo imagens, de jogos para mim inesquecíveis. Recordo de 15 de Novembro de 1953 quando foi inaugurada a Ponte Irineu Bornhausen para ligar os bairros da Itoupava Norte a Itoupava Seca. Antes a travessia do Rio Itajai Açú era feita por balsa. Na inauguração ocorreu uma grande festa. Tinha barracos com comidas típicas, roda da fortuna e outros espalhados nas ruas próximas a Ponte. E para comemorar o acontecimento um jogo de futebol no Estádio da Rua 4 de Fevereiro entre Guarani FC e Caxias FC de Joinville. O estádio lotou e o Caxias colocou em campo duas formações completas. Uma no primeiro e outra no segundo tempo. E pra completar aplicou uma goleada histórica de seis a zero no meu time o Guarani. Era uma potência esse time. Guardo na retina lances de um jogo em que o Guarani FC goleou o CA Carlos Renaux por seis a zero num sábado chuvoso e com o gramado quase impraticável. Nesse jogo o goleiro Daniel do Guarani provocava o craque Teixeirinha na cobrança de faltas próximo da área. Ele pedia para não fazer barreira e mandava o Teixeirinha chutar. Foi incrível. Lembro-me da presença de Daniel, Würges, Schramm, Arno Correia pelo Guarani, o goleiraço Mosimann, Petruski e Teixeirinha do Carlos Renaux. Esse jogo foi em 1956.
Anos 60
Além dos grandes times do Caxias e do Carlos Renaux na década de 50 o futebol catarinense se rendeu ao time mais comentado até os dias de hoje: EC Metropol de Criciúma. Fundado em 15 de Novembro de 1945, conhecido tendo como mascote um "Carneiro", o alviverde da Capital do Carvão com certeza foi o maior de todos até os dias de hoje. Foi comandado por Dite Freitas, seu patrono e em dez anos de profissionalismo conquistou os estaduais de 1960, 1961, 1962, 1967 e 1969. Acabou com o futebol profissional após essa conquista. Hoje mantém o futebol amador disputando as competições da Liga Atlética da Região Mineira (LARM). Nesses dez anos de futebol profissional o EC Metropol ficou em quinto lugar na Taça Brasil em 1968.

Na Europa
O EC Metropol realizou uma excursão a Europa em 1962 coisa rara em termos de futebol catarinense. Disputou 23 jogos, venceu 13, empatou 6 e perdeu quatro partidas. A viagem foi iniciada em 27 de Abril e terminou em 30 de Julho. O Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 de trem, 13 horas de navio e 126 horas de ônibus. O time criciumense marcou 53 gols, sofreu 35 ficando com saldo de 18 gols. Os gols foram marcados por Elário 17, Nilzo 8, Hélio 7, Márcio, Pedrinho, Arpino e Valdir 4 gols, Paraná 3 e Sabiá 2.
Sacanagem
EC Metropol 1 x 0 Botafogo FC (1968) Estádio
Adolfo Konder em Florianópolis
Foi o que a CBD fez com o EC Metropol em 1968 na Taça Brasil. Perdeu para o Botafogo por seis a um no Rio de Janeiro e como venceu a partida de volta em Florianópolis por um a zero teve que jogar um terceiro jogo no Rio. A história conta: “Choveu muito no Rio e a partida foi suspensa aos 10 minutos do segundo tempo empatada em um a um. A CBD mandou o Metropol pra casa e avisaria o dia do próximo jogo (ou continuação da partida), e avisaram, só que na véspera do jogo, não tendo como o Metropol comparecer (não daria tempo). O Botafogo ficou com a vaga e disputou a semifinal com o Cruzeiro passando a final e vencendo o Fortaleza, ficando com o título.

Grandes jogadores

Em nove anos, dois meses e seis dias como profissional o EC Metropol foi administrado pela sociedade Freitas - Guglielmi. Neste período 176 atletas vestiram a camisa do time dos mineiros da Carbonifera Metropolitana. Dos 466 jogos que o clube disputou quem mais atuou foi o goleiro Rubens, com 271 partidas, seguido do lateral Tenente, com 202 jogos, e pelo zagueiro Hamilton 183 partidas. O Tanque (apelido) do grande Idésio é disparadamente o maior artilheiro da historia, com 140 gols, em 166 jogos. Seguido por Nilzo com 83, Madureira com 62 e Valdir com 52 gols. Pra quem não sabe, Idésio era do Marcilio Dias e formou um dos ataques mais famosos de todos os tempos do futebol catarinense: Ratinho, Renê, Idésio e Odilon ou Dufles. Ratinho e Renê foram para a Portuguesa de Desportos e depois Ratinho defendeu o São Paulo FC. Idésio ainda defendeu o CA Ferroviário de Curitiba. Nilzo jogou no Santos e Botafogo. O goleiro Rubens foi um dois maiores da posição. Hamilton era um zagueiro clássico. Tenente jogou no São Paulo e Paraná foi um dos grandes do GE Olimpico na conquista do Campeonato Catarinense de 1964.

EC Metropol de Adailton, Pimentel, Gibí, Vevé. Triunfo e
Rubens (de pé) Amilton, Idésio, Gama, Milton Fumo e
Toninho (agachados)
Os jogos
Nesse período do profissionalismo o EC Metropol realizou 466 partidas de 1960 a 69. Foram 265 vitórias, 113 empates e 88 derrotas.
O futebol de Criciúma ganhou respeito a partir dos anos 60 com EC Metropol, EC Comerciário (hoje Criciúma), CA Operário e EC Próspera. Grandes jogadores foram revelados nesses clubes numa época em que o futebol era divulgado apenas pelo rádio e pelos jornais.
 

Um comentário:

Adalberto Day disse...

Edemar
Um belo relato de grandes clubes de SC de sua época de juventude, onde seu coração balançava pelo querido Guarani da Itoupava Norte.
Também nossos olhos brilhavam com o Metropol, o time poderoso de Criciúma, com seus craques inesquecíveis. Também o grande Carlos Renaux de Brusque do grande Teixeirinha o melhor de todos os tempos de nosso Estado.
Parabéns por nos proporcionar tantas lembranças, pura nostalgia.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau