Nas décadas de 70, 80 e 90 o rádio esportivo brasileiro
viveu com certeza seus anos de ouro. Participei desse período em que as
emissoras estavam presentes nos grandes acontecimentos dentro e fora do país.
Os tempos hoje são outros. Sou do tempo em que os amistosos da Seleção
Brasileira (que tinha qualidade) na Europa, Estados Unidos e Ásia eram
acompanhados por 10 a 15 emissoras de rádio. Não havia tempo ruim para o rádio
esportivo. Amistosos dentro do país então nem falar. Partidas importantes no
Morumbi, Maracanã, Mineirão, Beira-Rio e outros grandes estádios registravam a
presença de 40 a 50 emissoras. Lembro-me de um amistoso em Teresina em 1989
quando o Brasil enfrentou o Paraguai numa quarta-feira à tarde o Estádio
Alberto Silva estava completando lotado e para transmitir o jogo parecia estar dentro
de um formigueiro tal era a quantidade de emissoras presentes. As transmissões
ao vivo das rádios brasileiras em jogos de futebol estão cada vez mais raras.
Ainda na sexta-feira 7 de Setembro, feriado nacional fui comentar pelo Sportv3
a goleada que o Atlético Paranaense aplicou no Grêmio Barueri na Arena de
Barueri. Ao chegar ao estádio cruzei com três repórteres e um operador de
externa das rádios de Curitiba. E foi só. Nos meus tempos de B2 com Sidnei Campos
e depois na Rádio Cidade com o Capitão Hidalgo não havia distância que nos
separasse. Que o digam os amistosos de Valência, Tel Aviv, Copa Umbro na
Inglaterra, Copa América no Uruguai em 1995, Torneio de Toulon em 1996 pela Rádio
Clube Paranaense. Ou os amistosos da Seleção em 1997 em Miami, Seul, Osaka,
Oslo, o Torneio da França ao lado do Capitão Hidalgo na Rádio Cidade de
Curitiba. Imaginem Joseval Peixoto, Osmar na Jovem Pan, Fiori Gigliotti e Mauro
Pinheiro na Bandeirantes, Haroldo Fernandes, Alfredo Orlando, Milton Camargo,
Ávila Machado na Tupi, Pedro Luís e Mário Moraes na Rádio Nacional, Milton
Peruzzi, Barbosa Filho e José Italiano na Rádio Gazeta, Jorge Curi, Waldir
Amaral, João Saldanha, Mário Vianna, Washington Rodrigues e Denis Menezes na
Globo, Doalcei Bueno de Camargo e Rui Porto na Tupi, José Carlos Araújo na
Rádio Nacional, Willy Gonser, Alberto Rodrigues e Oswaldo Farias na Itatiaia,
Jaime Cisneros, Adilson Couto e Ralph de Carvalho na Clube de Pernambuco, Ivan
Lima na Rádio Jornal do Commércio, Armindo Antônio Ranzolin, Ruy Carlos
Ostermann e Lauro Quadros na Guaíba e depois na Gaúcha, Pedro Carneiro Pereira
e Haroldo de Souza na Guaíba, Lombardi Junior e Capitão Hidalgo na Clube
Paranaense onde não estiveram nestas décadas representando a essência do rádio
esportivo brasileiro. Foi muito bom enquanto durou. Não é só a presença da
televisão nos jogos que diminuiu a cobertura ao vivo das rádios. Falta respeito
ao ouvinte e ao anunciante nos dias de hoje. É isso aí.
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