quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

HISTÓRIAS DO RÁDIO - II -

Equipe da Amizade - Copa de 1974 - (A Voz da Alemanha) em
 pé: Secretária  da equipe, Arno Rochol, Alfonso Poerner, Érica
 Bender, Altair  Carlos Pimpão e eu; abaixados: J.Pedro,
Guilherme Dicken,  Ênio Infante e Sigfried Haegeli.
Na Copa do Mundo de 1974 que foi a primeira que cobri, transmiti para duas rádios ao mesmo tempo. Foram 19 jogos que transmiti pela Jovem Pan e pela Rádio Deutsche Welle (A Voz da Alemanha). Para a Jovem Pan as transmissões eram ao vivo enquanto que para a emissora estatal da Alemanha o jogo era gravado editado e reprisado em 70% na Resenha da Copa transmitida por várias de suas Ondas Curtas com 500 Mil watts de potência, em língua portuguesa. Foi uma experiência ímpar. Na transmissão de Holanda 2 x 0 Uruguai em Hannover ocorreu um problema sério antes do jogo. As posições de transmissão que nos outros jogos eram lado a lado permitindo que eu utilizasse os microfones de ambas as emissoras para transmitir,  nesse jogo havia uma diferença. A posição da Jovem Pan se localizava num patamar abaixo com o número 22 e da Voz da Alemanha num patamar acima com o número 43, bem distante uma da outra. Como cheguei bem cedo ao estádio, fui até a Central de Transmissão do jogo e depois de levar um papo com o engenheiro alemão consegui com que juntasse os dois circuitos em paralelo. Tudo saiu perfeito. O duro foi trabalhar com dois fones e dois microfones ao mesmo tempo.

Gérson de Oliveira Nunes, o Canhotinha de Ouro trabalhou na Jovem Pan durante um ano como comentarista. Fizemos várias transmissões juntos no Campeonato Paulista e Brasileiro. Naquela época a Jovem Pan colocava no ar depois dos jogos o Show de Rádio com Estevam Sangirardi e companhia. Terminava o jogo eu chamava os repórteres para um rápido registro no gramado, um comentário resumido de no máximo 3 minutos e era anunciado o Show de Rádio. Gérson tinha dificuldades para sintetizar o comentário e nunca conseguia fazê-lo em menos de 5 minutos. O Diretor Fernando Vieira de Mello mandava avisar pela Central Técnica que eu cortasse o comentarista e anunciasse o Show de Rádio. A gente passava um sufoco para solucionar o problema, mas o Gérson sempre foi um cara solícito, sério e que atendia as determinações da emissora... depois de cinco minutos no mínimo.
Em 1990 na Copa do Mundo da Itália, a Rede Brasileira dos Esportes dirigida pelo saudoso Barbosa Filho com o comando das Rádios Tupi de São Paulo, Clube de Pernambuco e Tamoio do Rio de Janeiro foi retransmitida por 202 emissoras em todo o país. E não havia ainda internet e satélite era coisa para televisão. Fui o responsável pela organização de toda a cobertura distribuindo vinte e sete (27) profissionais nas transmissões de todos os jogos do Mundial. No dia de abertura do circuito para os boletins para as diferentes emissoras da rede, surgiu o primeiro problema quando eu ainda estava tomando o café da manhã em Turim. O irreverente Jorge Kajuru integrava a rede com a Rádio Difusora de Goiânia que tinha o seu comando.  O horário estabelecido para o boletim do Kajuru para o Brasil era das 08h30 às 09h00. Kajuru sempre em busca de novidades atrasou-se chegando só às 09h15 e insistiu em falar criando-se uma grande confusão.  Graças a DEUS o bom senso prevaleceu e a situação foi contornada.

Na minha passagem pela Rádio Nereu Ramos entre 1992-1994 aconteceu um fato sui-generis durante a transmissão do jogo Chapecoense e Blumenau pela Série “C” do Campeonato Brasileiro. Essa partida era importante para os dois e para o Operário de Ponta Grossa visando classificação a próxima etapa. No Estádio Regional Índio Condá representando a Rádio Clube Pontagrossense o mais internacional dos repórteres esportivos do Paraná... Osires Nadal. O jogo começou e num determinado momento irrompe na cabine Osires Nadal, pega meu microfone e narra o gol que havia acabado de ocorrer em Ponta Grossa. O Dr. Osires Nadal, brilhante advogado hoje residindo em Curitiba e atuando no rádio é um dos maiores repórteres da história do rádio do Brasil sem nunca ter trabalhado no Rio ou São Paulo. Osires era e continua sendo o jornalista mais bem informado no rádio do Paraná, mesmo atuando agora como comentarista.
Alexsandro de Souza, o Alex do Coritiba, Palmeiras, Cruzeiro, Flamengo e hoje consagrado no Fenerbahçe da Turquia adora o rádio esportivo. Em 2000 por ocasião das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2002 ele estava na Seleção Brasileira que venceu a Colômbia em Barranquilla e o Equador em Manaus. Eu estava presente aos dois jogos pela Rádio News de São Paulo, hoje novamente Rádio Tupi. Em Manaus no Hotel Tropical onde estavamos rolaram vários e descontraídos papos entre jornalistas e jogadores num clima da maior cordialidade. Numa dessas rodas eu me encontrava ao lado de Alex, Capitão Hidalgo, Acaz Fellegger e o narrador Toni César da Rádio Globo de Curitiba. E para nossa supresa Alex anunciou: “Quando parar de jogar futebol vou trabalhar no rádio. E como Plantão Esportivo”. Vejamos se a sua palavra um dia se cumprirá. Que seja no Brasil e não na Turquia onde Alex acabou de ganhar uma estátua do Fenerbahçe.

Antonio Carlos Carneiro Neto, um dos mais brilhantes locutores esportivos do rádio paranaense de todos os tempos sempre foi conhecido como torcedor do Clube Atlético Paranaense. Sua audiência nas transmissões dos jogos do Furacão era incontestável. Num certo jogo pela então Rádio Cidade de Curitiba, Carneiro parou a transmissão para criticar o comportamento do Atlético e especialmente o lateral direito Luizinho Neto. Chegou a dizer que ele deveria ser sacado do time. Mal emitiu sua opinião quando em alto e bom som narrou: “Prepara-se Luizinho Neto para a cobrança da falta”. Só falta querer bater direito. Correu Luizinho chutou... gooooollllllll do Atlético. Carneiro Neto hoje comentarista da 98FM de Curitiba continua em plena atividade especialmente nos jogos do time do seu coração.


2 comentários:

JASouza. disse...

E daí, Monstro Sagrado, quando é que vai receber o "fardão" da ABI?
Com essas estórias vai fazer sucesso no "chá das cinco"!

Marcelo Santos disse...

Grande Edemar, histórias do rádio para quem gosta dele sempre são interessantes, Aabraço