Embora momentaneamente ausente dos microfones, tenho acompanhando de perto o rádio brasileiro, a partir de São Paulo. Hoje a internet nos permite esse luxo de poder ouvir qualquer emissora do país ou mesmo do exterior. As emissoras de FM começam a tomar conta das programações outrora veiculadas pelas AM especialmente com a implantação do jornalismo e do esporte. Tudo porque, as programações nessas emissoras são quase a mesmice em todos os prefixos. Exceto Antena 1, Eldorado e Alfa que colocam no ar uma seleção musical de qualidade. Há uns 20 anos a Jovem Pan FM inovou com o Tutinha colocando no ar grandes comunicadores (Serginho Leite, Paulo Leite o velho Milk, Beto Rivera) e ele mesmo interpretando Djalma Jorge era a grande sensação dos sábados. Depois apareceu o “boi na linha” e mais recentemente a equipe do “pânico” brilhantemente comandada pelo Emílio Zurita, a quem eu vi chegar na Jovem Pan. De lá para cá as rádios FM de São Paulo tem praticamente as mesmas programações. As exceções hoje ficam por conta do jornalismo da CBN, Band News e o esporte. A Transamérica por exemplo tem cinco horas diárias de esporte e a Band FM transmite a mesma programação do AM. Estão chegando neste domingo a Band News para transmissões esportivas e a ESTADÃO/ESPN sucessora da Eldorado/ESPN com grandes profissionais. Oxalá alcancem seus objetivos. A Band News na verdade se limitará a transmitir inicialmente só os jogos. Já a ESTADÃO/ESPN se voltará inteiramente para o jornalismo e o esporte no AM 700 e no FM 92,9 o que é a grande novidade no rádio paulistano. Com isso a certeza de que sua audiência vai decolar.
Só esporte
São Paulo tem espaço para que se forme uma emissora totalmente esportiva pela quantidade de eventos que são realizados diariamente. Quando trabalhava na Jovem Pan, transmitíamos jogos de basquetebol do campeonato citadino e estadual e voleibol. A emissora criou e manteve por anos o Torneio de Natação aos finais de semana e o Torneio Inter-Colegial de Futsal e Basquetebol que foi um sucesso e revelou muita gente. Há ainda os eventos automobilísticos. Cleiton Machado, irmão do consagrado Cleber Machado da TV Globo já tentou montar uma rádio totalmente esportiva em FM. Só espero que não tenha desistido dessa idéia definitivamente. São Paulo tem público para todos os gostos e a exemplo da Sportv e ESPN na tevê fechada, o rádio também tem espaço para uma emissora totalmente esportiva. Quem sair na frente verá que o retorno estará garantido.
Audiência
O que notei nas pesquisas dos últimos seis meses no rádio AM é que as primeiras são as que tem uma programação totalmente popular e de acordo com os institutos de pesquisa direcionados as classes C, D, E, F. Chama a atenção a falta de maior audiência nas emissoras que direcionam para as classes A e B. Por isso o rádio AM e o FM (é só acessar as pesquisas do IBOPE), tem sua audiência maior nas classes C, D, E, F. Qual seria a explicação para esse fenômeno se é que assim podemos chamá-lo: falta de qualidade de programas e profissionais?. Ou seria somente a falta de qualidade de som das emissoras que transmitem em AM.
Questionamento
Conversei durante a semana com Éder Luiz comandante da equipe esportiva da Rádio Transamérica de São Paulo e que através da sua empresa a MÍDIA MIX terceirizou o futebol da Rádio Record em 2010. Aliás, fez um ajuste recentemente e renovou o contrato por mais cinco anos com a Rádio Record. Pela amizade de três décadas com o Éder, fiz uma consulta a ele pois tenho recebido indagações sobre isso e aquilo do seu esquema com a Record. Questionamento de profissionais que como eu estão fora do ar neste instante. E a pergunta é sempre a mesma: “Porque o Éder Luiz não transmite futebol em separado na Record e na Transamérica?”. Ele me afirmou que está tratando desse assunto com carinho e que é possível que isso possa ocorrer futuramente. Respondido?. É isso aí.
5 comentários:
Edemar
Eu ouço e sou fissurado por rádio e ouvir as rádios AM principalmente.
Por falar em rádios, tenho alguns exemplares comigo em meu acervo.
Realmente a Internet nos possibilita ouvir qualquer rádio no mundo. Mas quando consigo sintonizar o Rádio mesmo, acho muito mais emocionante e não troco pela internet.
Bela postagem sobre um belo assunto a Rádio AM e FM no Brasil.
Adalberto Day cientista social e pesquisador da história em Blumenau
Reitero aqu as suas próprias palavras - "rádio se faz com profissionais na Direção Artística, na Publicidade, no Jornalismo, no Esporte, na Programação e no Microfone".
Assim sendo, pergunto: afinal Direção Artística seria supérfluo?
Antigamente se dizia que o rádio era uma escola de atores para o teatro e o cinema, papel que hoje é desempenhado pela Televisão.
Apesar disso, ainda creio que haja espaço nas programações das emissoras para o Rádio Teatro, apresentando clássicos da literatura tais como a "Ceia dos Cardeais" de Júlio Dantas, tantas vezes levada ao ar.
E as novelas seriam destinadas à TV.
Caro Edemar
A mesmice é lugar-comum, como você detectou acertadamente, nas emissoras de rádio.
Podemos incluir no pacote as FMs. Uma rádio copia a outra e a replicação vai grassando país afora.
Ouve-se em São Paulo a mesma programação retransmitida para Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Ceará e aonde quer que haja uma afiliada das
grandes redes. Foi instituído o padrão nacional de rádio.
Eu me lembro (e você também, claro) quando o rádio regional era imbatível. Os comunicadores locais gozavam de extrema popularidade e grande audiência. Por uma simples razão: falavam a linguagem do povo da região.
Com a percepção de que o rádio nacional não emplacou - e nem poderia, pois deixou as populações locais abandonadas - as redes começaram a abrir janelas regionais, mas já era tarde.
A TV, antes do rádio, abrira os mercados locais e conquistara uma
audiência que, antes, era do chamado "primo pobre" através do atendimento dos anseios e das necessidades do povo da região.
O advento da Internet e o crescimento vertiginoso dessa mídia se encarregaram de jogar mais terra sobre o rádio moribundo. Incapaz de perceber o fenômeno a tempo, o resultado é o que temos.
As alternativas mais recentes transitam pelo campo do jornalismo,
incluindo o esportivo. Se você pensar, verá que é a segmentação --
com décadas de atraso -- que começa a "salvar a lavoura" do setor.
A audiência nas classes C, D, E e F que você focaliza, nada mais é do que o reflexo daquilo que acontecia no interior.
São Paulo é, sem dúvida, terra de todos os povos. Gente do país inteiro veio para cá, em busca de trabalho e um futuro melhor.
Esse povo encontrou e ainda encontra nos comunicadores populares, que
todos conhecemos, o aconchego com o qual estava habituado em sua terra natal.
As opções jornalísticas e musico-humorísticas (via de regra depreciativas em relação ao ser humano) não encontram eco nessas
camadas da população.
Enquanto riem das bobagens que Colocam no ar, os responsáveis
pela programação - inclusive de grandes veículos - não percebem
que estão afundando na lama da própria incompetência, qual seja, a
de não entender as características do mercado em que atuam. O
resto é o que temos ouvido.
Espero que, pelo menos, o setor esportivo dê uma bela chacoalhada
no cenário radiofônico. Afinal, futebol é uma das grandes paixões
nacionais. E sendo paixão, costuma inflamar. Que assim seja.
Fico aqui, do meu canto, torcendo para que, nas reformulações em curso, os "gênios' se lembrem de gente como você, que não pode ficar fora do ar. Em respeito ao ouvinte, razão de ser do negócio. Um negócio muito sério chamado RÁDIO.
Grande abraço a você.
De fato o inclito Narrador Edemar faz muita falta no Rádio, uma pessoa que nos ensaina muito. PARABENS EDEMAR!!!!
SEU AMIGO SARKIS KARAMEKIAN JR
www.armeniaeterna.com.br
EDEMAR
VC CONHECE A MINHA OPINIÃO,ALIÁS É IGUALZINHA A SUA E A DO FLÁVIO,MAS
ENQUANTO TIVERMOS INCOMPETENTES DIRIGINDO CERTAS EMISSORAS,VAMOS CONTINUAR PRESENCIANO E OUVINDO ISSO QUE ESTÁ POR AÍ... TENHO CERTEZA QUE O ÉDER VAI CONSEGUIR SEPARAR AS TRANSMISSÕES ESPORTIVAS,ELE É UM CARA DE VISÃO E JÁ PERCEBEU O QUE ESTÁ ACONTECENDO...E NÓS VÍTIMAS DESSES PARAQUEDISTAS, DESEMPREGADOS, AGRADECEMOS AMÉMMMMMMM....
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