“Se perdemos a Copa do Mundo vamos todos para o inferno”
declaração de José Maria Marin presidente da Confederação Brasileira de Futebol
divulgada pela Folha de São Paulo. Esse inferno que o Marin citou é o que tenho
falado e escrito há tempo. Esse “inferno” fará com que ocorra uma queda acentuada de interesse pelo futebol, aumentem as dívidas e diminuam as receitas. A derrota brasileira vai acarretar prejuízos enormes
com mudanças na aplicação das publicidades que hoje
sustentam os clubes. Ninguém vai querer anunciar num futebol mais uma vez
derrotado dentro de seu próprio país. Isso vai afetar a vida financeira dos
clubes e os que detêm os direitos das competições. As empresas vão redirecionar
suas verbas publicitárias para outras mídias. E como ficarão os clubes, a
televisão e o jornalismo esportivo? Os clubes terão que se desfazer de
jogadores de altos salários ou diminuí-los consideravelmente. Infelizmente a
falta de visão dos dirigentes está deixando os clubes cada vez mais
endividados. Todo cidadão tem o direito de bons salários, mas no futebol
brasileiro os exageros ultrapassaram os limites suportáveis. Tem clube que
arrecada cinco milhões e gasta oito mensalmente e outros até mais. Há salários
atrasados e bem atrasados. O Flamengo, por exemplo, já fala em dispensar
jogadores se não seguir na Copa Libertadores da América. Tem clube querendo
ajuda financeira de ex-jogador para contratar. O futebol está sendo jogado há
dois meses este ano, mas já tem gente pedindo “água”. A realidade do futebol
brasileiro é crítica e confesso estar temeroso pelo seu futuro. Precisamos
torcer e orar para que o Brasil vença a Copa do Mundo para que tudo isso não se
torne em realidade. É isso aí.
A fusão no futebol brasileiro trouxe resultados positivos em
curto espaço de tempo, mas depois acabou deteriorando. Isso com raras exceções. Existem vários exemplos disso.
Em Santa Catarina o Joinville EC fruto de uma fusão entre
América-Caxias clubes tradicionais deu a largada no estado. O futebol do JEC obteve grandes e seguidas
conquistas e vai para mais uma final. Mas, América e Caxias continuam
existindo e disputando nas divisões menores. Em Blumenau o Blumenau Esporte Clube tornou-se a paixão da cidade
nos anos 90 com grandes investimentos, mas sem nenhum título importante conquistado.
Lá em verdade o Palmeiras Esporte Clube deixou de existir para dar lugar ao BEC
porque os torcedores do GE Olímpico nunca aceitaram a fusão. Em Brusque da
mesma forma apesar da criação do Brusque EC, Clube Atlético Carlos Renaux e
Clube Esportivo Paysandu nunca deixaram de existir, apenas pararam de praticar
o futebol profissional. Em Blumenau o Estádio que pertencia ao Palmeiras pelas
dívidas contraídas pelo BEC foi a leilão e não existe mais. Em Brusque, Carlos
Renaux e Paysandu mantém seus estádios. O mesmo ocorre em Joinville com América
e do Caxias. A “Fusão” a cada dia faz novas vítimas. É o caso do Paraná Clube,
vitorioso na união do Colorado com o Pinheiros. Quando tudo começou em 1989 o
clube chegou a 60 mil sócios. Hoje não deve ter mais que 5 mil pagantes. Em
1989 tinha diversos patrimônios. Hoje se resume a Vila Olímpica do Boqueirão, a
sede da Kennedy e a Vila Capanema. O Estádio Durival Brito e Silva deixará de existir em pouco tempo para dar lugar a obras projetadas pelo governo. A triste realidade
de tudo isso é que o futebol brasileiro está endividando cada vez mais os clubes. Vai chegar o dia em que serão chamados pelo governo para saldar as enormes dívidas contraídas e aí muitos vão jogar a toalha. E isso talvez não esteja tão longe de acontecer. É isso aí.