Nos anos 80 a gente viajava por todo o Estado de
São Paulo para transmitir os jogos do Campeonato Paulista, dos bons tempos.
Certa feita em Ribeirão Preto ao jantarmos numa Churrascaria estabelecida no
Estádio Palma Travassos aconteceu algo inusitado. Nosso motorista que era bom
de garfo levou um susto ao ouvir do garçom: “Moço agora pro senhor não é mais
rodizio, agora é a lacarte”. Foi uma brincadeira que o fez perder o enorme
apetite que tinha.
Em 1975 numa rodada dupla do Campeonato Paulista o grande
Osmar Santos só conseguiu narrar os primeiros cinco minutos do jogo São Paulo e
São Bento no Morumbi. Tudo por conta do “pó de arroz” que a torcida espalhou na
entrada do time em campo. Como esses torcedores ficavam na parte superior das
cabines de rádio Osmar foi afetado pelo pó e engasgou. Eu tinha transmitido o
jogo preliminar e na tentativa de retornar para casa fui impedido porque meu
carro estava completamente bloqueado no estacionamento. Liguei o rádio e ouvi o
Orlando Duarte comentando, comentando e nada da narração do Osmar. Fechei o
carro e corri para a cabine para render o “bodão” na transmissão.
Na Copa do Mundo de 1974 na Alemanha cheguei cedo ao Estádio
em Hannover para transmitir Holanda 2 x 0 Uruguai. Já devidamente postado no
espaço de transmissão eis que me deparo com o grande Waldir Amaral deitado no
carpete da área de imprensa. O homem do “tem peixe na rede” estava tirando um
cochilo antes da transmissão.
Natal Baldini foi um dos operadores de externa da Jovem Pan
por décadas. Suas histórias são fantásticas. Certa feita na tradicional volta
Ciclística 9 de Julho deixou uma cidade sem energia por alguns momentos. Numa
agência de automóveis foi autorizado a utilizar um telefone para que Otávio
Muniz transmitisse a passagem dos ciclistas. Acabou causando um “longo circuito”
na cidade.
Professor Dante Borghi Junior foi um dos grandes locutores
esportivos do Escrete do Rádio da Bandeirantes por muitos anos. Quando cheguei
a Jovem Pan em 1973 nos encontramos no restaurante do Hotel São Bento em
Marília onde estávamos hospedados. O papo foi noite adentro e o assunto só
poderia ser mesmo sobre as transmissões esportivas. Curioso perguntei ao
Borghi: “E como você faz para decorar os nomes dos jogadores estrangeiros numa
transmissão?”. Borghi Junior respondeu rápido: “Decoro três ou quatro nomes e
mando brasa”.

Nos anos que convivi com Fausto Silva, o consagrado Faustão
sempre estava disposto a me orientar, dando conselhos até porque eu tinha vindo
da pequena Blumenau para a loucura de São Paulo. O Faustão normalmente dobrava
em transmissões de sábado, fazendo jogos à tarde e a noite no Pacaembu. Ao
termino dos jogos da tarde ele se reforçava numa lanchonete do estádio onde
adorava o “Cachorro Quente” que era servido e é claro acompanhando da sua
inseparável na época, Coca-Cola.
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Raul Tabajara e o microfone |
A Jovem Pan importou dos Estados Unidos um dos primeiros
microfones sem fio da história do rádio de São Paulo. Estreia do equipamento em
partida do Pacaembu foi um sucesso. No dia seguinte Antônio Euclides, Chefe Técnico da Externa
da emissora convocou uma reunião para saber o que aconteceu com a “antena”
que tinha desaparecido. Aos gritos e socos na mesa e queria saber o que tinha ocorrido. Depois de um tempo Natal Baldini levantou-se e disse: “Eu sei onde está a antena". Muito bem Natal Baldini finalmente apareceu alguém para dizer quem foi o fdp que escondeu a antena. E quem foi Baldini? Foi o senhor. Após as gargalhadas continuou, "A
antena está no carro do Senhor”. Antônio Euclides que também comentava basquetebol na Rádio Panamericana quase se atirou do andar da emissora
na Rua Paula Souza.
Depois da Copa do Mundo de 1970 onde narrou os três gols
finais da conquista brasileira (jogo estava em um a um), Joseval Peixoto acabou
retornando a Rádio Bandeirantes. Na estreia seu companheiro de grandes jornadas
na Jovem Pan, Geraldo Blota, o GB (falecido em 2009) pediu a Roberto Silva para
saudar o amigo Joseval. E na saudação disse: “Zé é só assobiar que eu estou aí”.
Na segunda feira ao chegar à Jovem Pan cruzou no corredor com o Seo Tuta, dono
da rádio. GB disse: Bom dia seo Tuta que respondeu: “Já assobiaram, pode passar
no Departamento de Pessoal”. Estava despedido e foi trabalhar na Rádio Gazeta.
Quando eu ainda estava engatinhando no rádio em Blumenau
(Rádio Nereu Ramos) o titular Ivo Sutter com o comentarista Álvaro Correa e o
repórter Alfredo Otto Flatau foram transmitir um jogo do Palmeiras contra o
Usati em São João Batista. Transmitiram pela rádio local porque não tinha linha
de transmissão. Eu fiquei numa lanchonete na saída de Brusque para São João
Batista ao lado do motorista e operador Oswaldo Ventania Jacobsen porque lá
dava para captar o som da emissora e repassá-lo pelo telefone para Blumenau.
Nesse dia acontecia o clássico Carlos Renaux e Paysandu em Brusque. Passava
informações dessa partida na hora dos gols e giro do placar. Enquanto isso com Oswaldo
Ventania Jacobsen jogava snooker para passar o tempo.