A gente começa a lembrar da juventude e vem à memória o
futebol que sempre curti desde que ganhei a primeira bola. Eu ainda não havia
iniciado no rádio quando o futebol do meu estado, Santa Catarina, disputava seu
Campeonato Estadual com dezenas de clubes espalhados por grupos. E o que de
imediato chamou minha atenção além das equipes da minha cidade (Blumenau) que
tinha Olímpico e Palmeiras e depois em 64 o Guarani participando foram os
grandes times que se formaram ao longo dos anos.
Centenário
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Caxias FC bicampeão estadual 1954-1955 |
Recordo da Festa do Centenário de Blumenau (1950) quando
com meus pais fui ao centro da cidade para participar dos festejos. E lembro
muito bem, vejo imagens, de jogos para mim inesquecíveis. Recordo de 15 de
Novembro de 1953 quando foi inaugurada a Ponte Irineu Bornhausen para ligar os
bairros da Itoupava Norte a Itoupava Seca. Antes a travessia do Rio Itajai Açú era feita por balsa.
Na inauguração ocorreu uma grande festa. Tinha barracos com comidas típicas,
roda da fortuna e outros espalhados nas ruas próximas a Ponte. E para comemorar
o acontecimento um jogo de futebol no Estádio da Rua 4 de Fevereiro entre
Guarani FC e Caxias FC de Joinville. O estádio lotou e o Caxias colocou em
campo duas formações completas. Uma no primeiro e outra no segundo tempo. E pra
completar aplicou uma goleada histórica de seis a zero no meu time o Guarani.
Era uma potência esse time. Guardo na retina lances de um jogo em que o Guarani
FC goleou o CA Carlos Renaux por seis a zero num sábado chuvoso e com o gramado
quase impraticável. Nesse jogo o goleiro Daniel do Guarani provocava o craque
Teixeirinha na cobrança de faltas próximo da área. Ele pedia para não fazer
barreira e mandava o Teixeirinha chutar. Foi incrível. Lembro-me da presença de
Daniel, Würges, Schramm, Arno Correia pelo Guarani, o goleiraço Mosimann,
Petruski e Teixeirinha do Carlos Renaux. Esse jogo foi em 1956.
Anos 60

Na Europa
O EC Metropol realizou uma excursão a Europa em 1962 coisa
rara em termos de futebol catarinense. Disputou 23 jogos, venceu 13, empatou 6
e perdeu quatro partidas. A viagem foi iniciada em 27 de Abril e terminou em 30
de Julho. O Metropol viajou 63,5 horas de avião, 78 de trem, 13 horas de navio
e 126 horas de ônibus. O time criciumense marcou 53 gols, sofreu 35 ficando com
saldo de 18 gols. Os gols foram marcados por Elário 17, Nilzo 8, Hélio 7,
Márcio, Pedrinho, Arpino e Valdir 4 gols, Paraná 3 e Sabiá 2.
Sacanagem
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EC Metropol 1 x 0 Botafogo FC (1968) Estádio Adolfo Konder em Florianópolis |
Grandes jogadores
Em nove anos, dois meses e seis dias como profissional o EC Metropol foi administrado pela sociedade Freitas - Guglielmi. Neste período 176 atletas vestiram a camisa do time dos mineiros da Carbonifera Metropolitana. Dos 466 jogos que o clube disputou quem mais atuou foi o goleiro Rubens, com 271 partidas, seguido do lateral Tenente, com 202 jogos, e pelo zagueiro Hamilton 183 partidas. O Tanque (apelido) do grande Idésio é disparadamente o maior artilheiro da historia, com 140 gols, em 166 jogos. Seguido por Nilzo com 83, Madureira com 62 e Valdir com 52 gols. Pra quem não sabe, Idésio era do Marcilio Dias e formou um dos ataques mais famosos de todos os tempos do futebol catarinense: Ratinho, Renê, Idésio e Odilon ou Dufles. Ratinho e Renê foram para a Portuguesa de Desportos e depois Ratinho defendeu o São Paulo FC. Idésio ainda defendeu o CA Ferroviário de Curitiba. Nilzo jogou no Santos e Botafogo. O goleiro Rubens foi um dois maiores da posição. Hamilton era um zagueiro clássico. Tenente jogou no São Paulo e Paraná foi um dos grandes do GE Olimpico na conquista do Campeonato Catarinense de 1964.
Os jogos
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EC Metropol de Adailton, Pimentel, Gibí, Vevé. Triunfo e Rubens (de pé) Amilton, Idésio, Gama, Milton Fumo e Toninho (agachados) |
Nesse período do profissionalismo o EC Metropol
realizou 466 partidas de 1960 a 69. Foram 265 vitórias, 113 empates e 88
derrotas.
O futebol de Criciúma ganhou respeito a partir dos anos
60 com EC Metropol, EC Comerciário (hoje Criciúma), CA Operário e EC Próspera.
Grandes jogadores foram revelados nesses clubes numa época em que o futebol era
divulgado apenas pelo rádio e pelos jornais.