
Recebo com frequência consultas e correspondências de jovens
interessados em narrar futebol pelo rádio e televisão. Enviam gravações e pedem
opiniões. Não sou dono nem diretor de rádio. Com muito prazer tenho respondido.
Hoje se critica muito a qualidade do rádio e do rádio esportivo.
Não sou dono da verdade e não quero ensinar ninguém o
bê-á-bá da narração esportiva. Sou de uma geração de grandes narradores com
certeza os melhores da história do rádio esportivo brasileiro. Pedro Luiz,
Jorge Curi, Willy Gonser, Pedro Carneiro Pereira, Osmar Santos, Joseval
Peixoto, Fiori Gigliotti, Haroldo Fernandes, Alfredo Orlando, Doalcei Bueno de
Camargo, Flávio Araújo, Ênio Rodrigues e José Silvério. Acho que também faço parte desse seleto grupo de narradores,
modestamente.
Tenho opinião formada em relação às narrações esportivas tanto no
rádio como na televisão como ouvinte, telespectador e profissional da área.
Quero me dirigir para quem deseja abraçar a carreira ou mesmo para quem já está
em atividade. Começo por lhes dizer que narrar futebol no rádio é muito mais
difícil do que narrar na televisão. Ninguém faz o narrador esportivo. Ele já nasce com o “dom” que DEUS dá. Ou se tem, ou não se tem o “dom”.
Quem nasce
para ser médico, advogado ou especialista em qualquer área da vida já traz isso
do berço. O que se pode e deve é aperfeiçoar sempre e sempre a narração
esportiva, coisa que hoje não ocorre. DEUS dá a cada um o “dom” para ser
desenvolvido e praticado.
O que tenho ouvido é uma inversão de valores e muita
gente forçando a barra para narrar futebol. Muitos deixam a condição de
excelentes repórteres e querem porque querem apoiados pelos “gênios” narrar
futebol no rádio. Esse é também um dos motivos pelos quais caiu a audiência do
rádio esportivo no Brasil. De quem é a culpa? A culpa é dos que aceitam essas
situações. Acham que vão arrebentar a “boca do balão” narrando no rádio. Não é
bem assim.
Eu nunca recebi orientação de quem quer que
seja para narrar futebol e nunca tive padrinhos para chegar aonde um dia
cheguei. Tive que me virar nos trinta contra traíras, capachos e outros.
Hoje os tempos são outros, as narrações são outras, a qualidade é
outra. Enfim, cada um faça como melhor lhe aprouver porque narrar futebol em
rádio não é isso que a maioria faz nos dias de hoje. Pediram que desse minha
opinião. Está dada. É isso aí.